Querido Diário:
Hoje definitivamente foi o dia mais especial da minha vida.
O Erat foi-me acordar mas estava muito triste e frio. O que me preocupa.
Mal chegamos lá reparei que as tropas eram enormes e todos pareciam ser excelentes. Á excepção de uma das raparigas. Curiosamente era da equipa da lua. A minha prima mal me viu abraçou-me e eu ri-me porque o Erat trocou uns olhares de fúria com a minha prima e deu mesmo para rir. A minha prima era da equipa do Sol. Estou muito nervosa. Neste momento quem comanda as tropas é o Erat. Todos eles têm um corpo espectacular o que ajuda a manter-me lá no meio.
-Hoje quero apresentar-vos a herdeira do nosso ex-comandante Leonir. Yáviël, ela é igualmente especial como o seu pai e cheia de garra. – anunciou o Erat.
O Anarion olhou para mim e repetiu o meu nome. Não deu para ouvir mas li pelos seus lábios.
Levaram-me para uma cabana onde tinha todo o tipo de armas que eles utilizavam que eram a espada, as adagas, o arco e tinha uma imagem de corpo, ou seja, lutar apenas, sem armas, também são precisos.
-Escolhe a especialidade que queres seguir. Pede ao teu coração e ao teu pai para te ajudar.
Sem saber porque peguei na espada.
-Boa escolha, era a especialidade do teu pai. – respondeu Erat.
Eu fiquei muito feliz e perguntei com imensa alegria:
-E qual é a minha equipa?
-Vamos ver agora Yáviël. – disse Erat.
Numa outra mesa tinha seis símbolos que eram a Lua, o sol, a estrela de seis pontas, uma flor, uma gota e uma espécie de nuvem que representava o vento.
Tudo ficou escuro de repente e levantou-se o símbolo da lua.
Eles todos bateram palmas e o Erat veio ter comigo, abraçou-me e disse:
-Parabéns, a partir de agora fazes parte da equipa da lua. O teu pai fazia parte da equipa da água, mas de certeza que esta orgulhoso na mesma de ti.
Eu fiquei imensamente orgulhosa de mim mesma. Estava na mesma equipa do Erat o que ia ajudar imenso nas coisas. O Anarion pareceu ficar triste com isso mas fazíamos parte da mesma tropa e íamos com certeza ter os treinos juntos. Depois fui com eles para o treino. O Erat sabia de tudo um pouco por isso treinava as tropas mas ele dizia que o seu arco era um acessório indispensável e que o manuseava melhor que o resto das especialidades. O primeiro treino foi dos arcos nós assistimos e ouvimos as explicações para saber quando entrar depois de eles atacarem, isto tudo porque os arcos são os primeiros a atacar. De seguida foi o treino das adagas. O Anarion era mesmo bom naquilo, estive a observa-lo o tempo inteiro, Erat reparou nisso e “vingou-se” no pobre rapaz, mesmo quando ele fazia as coisas bem ele embirrava com ele. Custou-me mas era novata e não podia reclamar muito. Quando ele se veio sentar para começar o treino das espadas eu passei por ele e disse:
-Não te preocupes, tu és mesmo bom no que fazes, o Erat já reparou nisso e quer aperfeiçoar-te apenas.
Ele sorriu-me.
Primeiro o Erat teve a ensinar-me as bases e eu até aprendi bastante depressa, depois o treino ficou mais difícil e enganei-me muitas vezes ao que oiço uma voz a dizer:
-Ainda perdem tempo com ela? Está a atrasar-nos o treino.
Olhei para trás era uma rapariga da equipa da estrela de seis pontas e de arco. Provavelmente é a “mete nojo” das tropas mas Erat calou-a logo:
-Allasse não arranjes confusões.
-É verdade, nós todos estamos aqui por causa dela. O Rathir quer mata-la a ela, não a nós. – disse ela.
-Allasse estás a ultrapassar os limites. É esse o teu espírito élfico?
-O espírito élfico é não haver inimigos, estarmos todos em paz!
-E ajudarmo-nos uns aos outros.- completou Erat.
-Já estamos a ajudar demais.
-Allasse estou a perder a paciência contigo, vamos acabar com isto.
Dito isto surge uma voz que diz:
-Elas que lutem.
O resto das tropas apoiaram. Gritavam todos:
-É isso é isso. Lutem! Lutem!
-Tropas! Então? É esse o vosso espírito?
-Estás a defendê-la Erat? – perguntou ela arrogante.
-Eu não preciso que me defendam, vamos a isto! – respondi.
No inicio fiquei com medo mas rapidamente se afastou. Acho que um espírito de vingança se apoderou de mim. O que foi estranho, porque não é uma das características dos elfos, logo essa característica deve ter vindo da minha mãe, já que ela não era elfo. Mas deixei que essa vingança se apoderasse de mim, acho que era a única coisa que me ia ajudar naquele momento.
Pusemo-nos frente a frente ela preparou a primeira flecha e eu andava com a espada ás voltas. Acho que o horrível treino no quarto me tinha ajudado nisso, a dar “show” com a espada. Uma flecha passou mesmo ao meu lado e eu disse:
-Ei lá vamos a ter calminha sim? Tu podes atacar de longe eu não!
-Aprende a lutar e cala-te.
Aproximei-me devagar até que ela começou a mandar imensas flechas ao mesmo tempo. Não sei como mas estava a conseguir tirar todas do meu caminho e evitar que tocassem em mim. Consegui ficar a menos de um metro dela e ela tentava desviar-se de todos os meus ataques, o que era bom porque mantinha-a ocupada e não conseguia mandar flechas, numa das tentativas cortei-a no braço e disse com ironia:
-Bem quase parecemos gémeas, temos ambas um corte no braço esquerdo e por incrível que pareça foram os dois feitos por mim.
Ela irritou-se e foi tão rápida que não a vi, muito depressa conseguiu meter uma flecha no arco e mandar, a flecha atingiu-me no ombro e aí ela completou a minha ironia:
-Agora é que parecemos mesmo, temos ambas um buraco duma flecha no ombro, a única diferença é que o meu não fui eu que o fiz.
Irritei-me de tal maneira que tentei ataca-la fazendo-lhe mais um corte no abdómen e outro na cara, quando reparei no que tinha feito parei petrificada e perguntei a mim mesma como tinha sido capaz de fazer isto. Durante o tempo que estive a pensar ela mandou-me uma flecha para o pé direito o que fez com que caísse e apontou uma para o meu coração nisto o Anarion interrompe:
-Se deixares escapar essa flecha eu atiro-te uma adaga de forma a cravar-te o cérebro sem dó nem piedade.
Ela devagar sai da posição de ataque, pega na flecha, guarda-a e vai embora. O Erat vem ter comigo:
-Estás bem Yáviël?
-Estou com duas flechas cravadas no meu corpo, como achas que estou?
Ele ficou a olhar para mim.
- Estou óptima! Não te preocupes. Foi bom teres-me deixado lutar.
-E para a primeira vez não estás mal.
Nisto o Anarion interfere:
-Mestre eu posso cuidar dela, podeis ir treinar o resto das tropas.
-Não Anarion. Eu trato dela.
-Mas assim quem fica a guiar as tropas mestre?
-Ficas tu!
-Eu? Mas eu só sei adagas.
-Então encerra os treinos. – disse Erat com rapidez e furioso.
-Mestre o tempo está demasiado apertado para o desperdiçarmos. Ela ficará em boas mãos.
-Podes ir Erat. Eu ainda sei cuidar de mim e o Anarion ajuda-me.
Ele muito contrariado lá foi. O Anarion levou-me para a enfermaria e teve a curar-me.
-Vou tirar esta flecha com muito jeitinho. Respira fundo.
Eu respirei mas a respiração ficou a meio com as dores.
-Então, estás bem? – perguntou ele.
-Estava melhor se não faltasse outra flecha para tirar.
-Relaxa!
Como dava para relaxar numa situação daquelas? Mas tentei. Quando tirou a flecha do ombro deu lá um beijo.
-Está melhor ?
-Está! – respondi a olhar-lhe nos olhos.
Ele tentou beijar-me mas eu afastei-me e ele disse:
-Desculpa, não o devia ter feito.
-Pois não. Mas eu perdoo-te. – disse e a sorrir.
Ele retribuiu o sorriso.
-Bem acho melhor irmos andando para o treino não?
-Espera! Deixa por aí alguma coisa para estancar o sangue.
Ele acabou o curativo e regressamos aos treinos. O Erat olhou com uma cara que me meteu imenso medo mas não disse nada. Quando acabou voltamos para casa e ele ainda não me falou. São tantas da manha e não consigo dormir a pensar que ele não me fala e que esta chateado comigo. Mas amanha vou falar com ele. Isto não pode ficar assim, eu não aguento.
Quarta-Feira, 05 de Maio de 2010