Querido Diário:
Estou presa e não sei como sair. Ao menos ainda tenho o diário.
Já falei com o Erat mas não sei o que vai fazer. Eu sei que isto está uma grande confusão mas passo a explicar.
Hoje de manha acordei e ouvi as vozes do Erat:
-Yáviël!
Era ele a tentar falar mentalmente.
-Erat eu já disse que não quero falar contigo. Foste pior que nojento!
-Tu não percebes-te e ao menos aqui não podes evitar de me ouvir!
-Erat pára já. – pedi eu.
-NÃO! Tens de me ouvir! Eu não me aproveitei de ti. É verdade que eu já me aproveitei de todas, mas fizeste com que ganhasse o gosto de amar. Contigo não sinto necessidade de estar com outras nem de sentir desejo por mais nenhuma. Eu não me aproveitei, eu estava a viver o melhor momento da minha vida. Yáviël volta por favor. Desculpa-me, desculpa por tudo. Foi muito cedo, eu sei, mas também não impediste.
-Pois não.
-Porque? Se não querias devias tê-lo feito.
-Eu já não sei o que quero. – disse.
-Então volta para te pedir desculpa e fazer-te feliz!
-Não. Não posso. Desculpa Erat.
-MasYáviël…
-NÃO. Adeus.
Não lhe respondi mais. Até que ouvi:
- Melinye!
Fiquei a pensar naquela palavra e fui perguntar ao Anarion o que significava!
-Anarion!
-Bom dia querida. Diz.
-Que quer dizer melinye?
Ele sorriu e disse:
-Quer dizer Amo-te, em quenya. Como sabes? Andas a aprender?
-Não, o Erat… ele disse que me amava! Acreditas nisto? Temos de voltar!
-O que? Estás a passar-te Yáviël?
-Que foi Anarion?
-Eu é que fiz tudo para ti e para te merecer. Eu não me aproveitei de ti e á primeira palavra de amor vais a correr para o outro?
-Anarion eu… significa muito.
-Tu vens comigo!
Estava sem espada, apenas me deixou trazer a bolsa do diário. Agarrou-me á força atou-me as mãos e obrigou-me a beber qualquer coisa que fez com que desmaiasse. Quando acordei estava num enorme quarto e lindo e ele estava ao fundo sentado numa cadeira.
-Já acordas-te princesa? – Disse chegando-se a mim.
-Onde estou Anarion?
-Estás no meu palácio! Gostas? Este foi o quarto feito para nós. – Respondeu aproximando-se para me beijar.
-Pára Anarion! Eu quero voltar. Quero ir ter com o Erat!
-NÃO VAIS NADA!
Estava com um tom de voz severo e as adagas presas á volta da cintura.
-Anarion deixa-me ir! – supliquei quase a chorar.
-Oh! A menina está quase a chorar! Tens sorte de já não estares morta como o teu pai!
-Tu não tens nada haver com o meu pai. Não fales dele assim.
-Sabes quem é que o matou? – perguntou-me
-Sei. Chamava-se Rathir e foi um cobarde e um filho da mãe que não merece viver!
-Oh menina… tenha cuidado como fala do MEU PAI!
Fiquei petrificada a olhar para ele.
-Teu pai? Foi o teu pai que matou o meu?
-Foi sim linda. Com uma espada graciosa que se encontra algures neste castelo e que é a única capaz de te matar.
-Como consegues ser tão insensível? Devias morrer…
-Ui! Cuidado com a língua minha menina. Sabes o que te vou fazer?
-O que?
-Enquanto decido se te mato ou não, eu e o meu pai decidimos, vais ficar aqui presa. Tem aquelas duas janelas mas não chegas e mesmo que chegasses é alto demais para ti, é um quarto lindo e grande, vais ter comida boa e o teu estúpido diário. Pode ser?
-NÃO! Deixa-me sair Anarion!
-Não não minha linda. Agora que te apanhamos achas que te deixamos ir? Agora coopera connosco senão vou ter de tomar decisões mais drásticas.
-Eu pensava que eras melhor que o Erat mas afinal… és um monstro!!
Ele veio a correr muito rápido em minha direcção, agarrou-me no pescoço, encostou-me á parede e aperto-a aleijando-me cada vez mais.
-Eu não te admito que digas isso de mim! OU EU JURO QUE TE MATO.
Eu chorava e chorava imenso. Ele ficou completamente vermelho de fúria quando disse aquilo.
-Estás a magoar-me Anarion!
Quando disse isto ele beijou-me apertando ainda o meu pescoço e depois largou. Eu tive a reacção de limpar os lábios ao que ele respondeu:
-Não gostas?
-Não.
-Então levas mais.
Segurou-me outra vez e deu-me imensos beijos e obrigou-me a beija-lo e depois disse:
-Eu vou sair e pensar o que fazer contigo. Tu vais dormir aqui! Boa noite minha querida. Melinye.
Saiu. Eu chamei-lhe todos os nomes possíveis, fiz caretas á porta e limpei os meus lábios vezes sem conta. Depois tentei arranjar maneira de sair mas não havia mesmo maneira de sair. Lembrei-me de falar com o Erat:
-Erat!
Ele não me respondeu. Será que se passou alguma coisa? Ou simplesmente decidiu ignorar-me? Voltei a tentar:
-Erat, por favor, eu preciso imenso de ti o Anarion aprisionou-me. Por favor ajuda-me! ERAT!
Ele não respondeu. Tentei vezes sem conta. Ou tinha perdido o jeito, ou ele estava mesmo a ignorar-me.
Meti-me na cama a chorar e agora escrevi. As lágrimas não param de derramar. O sofrimento cada vez é maior e o medo aumenta e cada passo que oiço parece que é o Anarion e encolho-me de medo. Quero sair daqui. PAI AJUDA-ME !!
Sábado, 08 de Maio de 2010