Sexta-Feira, 07 de Maio de 2010

Querido Diário:

Hoje tenho imensas novidades.
Bem ontem á noite fui dormir e de madrugada ouvi umas vozes a dizer:
-Tu não vais embora, tu não queres ir embora, o teu lugar é aqui.
Obviamente que a voz era do Erat, aquela voz não engana ninguém. Mas assustei-me, afinal que estava ele a fazer no meu quarto? Meia parva ainda com a situação decidi responder:
-Ai agora já te arrependes? Tarde demais Erat.
-Como sabes que sou eu? E como não teve efeito? – respondeu.
-A tua voz é inconfundível e não teve efeito o que?
-Posso ir ao teu quarto?
Eu fiquei confusa, afinal onde estava ele?
-Podes.
Passado um bocado ele bateu á porta e entrou devagarinho.
-Como estavas a falar comigo Erat?
-Pela mente minha querida, é uma das minhas qualidades. E das tuas também, o Anarion já reparou nisso, infelizmente.
-Reparou como?
-És sempre assim cheia de perguntas? Uma das qualidades de Anarion é que consegue ver as qualidades de cada um e pelos vistos já sabe as tuas e anda atrás de ti.
-Deixa o Anarion agora por favor.
-Esta bem pronto!
-Podemos tentar?
-O que Yáviël?
-Falar por mente. – disse toda entusiasmada.
-Claro.
Fechei os olhos e ouvi a sua voz.
-Olá Yáviël!
Não sabia como lhe responder. Mas pensei na resposta na minha mente e tentei “passa-la”:
-Olá Erat!
-Boa conseguis-te. – disse ele.
-Não é assim tão difícil. – acabei por dizer.
-Pois não, é uma questão de habito.
-Quando estivermos acompanhados podemos falar assim!
-Boa ideia!
Eu sorri. Finalmente estávamos a dar-nos bem!
-Eu gosto mesmo de ti Yáviël.
-Eu estou tão confusa!
-Porque? Por causa do Anarion?
-ERAT!
-Au!! Essa doeu. Sabes se pensares alto eu “oiço” alto e atinge os miolos.
-Que já tens poucos não é?
Desatei a rir e ele agarrou-me e eu obviamente a tentar sair. Estávamos numa brincadeira até que essa brincadeira virou séria. Ele pediu-me um beijo e quando lhe ia a dar o beijo ele virou a cara fazendo com que os meus lábios tocassem nos dele e transmitissem todo o amor que ele tinha para mim. Não o mandei embora porque o sentimento foi bastante bom. Ele ficou a olhar para mim e disse mentalmente:
-Desculpa Yáviël!
-Não peças desculpa, acho que não foi assim tão mau de todo.
-E o Anarion?
-Deixa o Anarion agora. Fogu Erat! Não posso estar descansada contigo sem falares nele? Estávamos tão bem e este momento estava tão bonito tinhas de estragar?
-Desculpa. Afinal sempre ficas?
-Não sei! Tenho de pensar muito bem nisso. As malas já tão feitas.
-Eu ajudo-te a desfaze-las! Mas antes precisas de descansar. Amanhã treino vai ser rigoroso.
-Por falar em treinos… tens sono?
-Eu não porque?
-Anda treinar-me. Só os dois! Agora!
-Estás maluca Yáviël?
-Não. Eu quero aprender.
-Não vou conseguir tirar-te essa ideia maluca pois não?
-Não.
-Vamos embora então. Traz a tua espada. E veste-te para o treino.
Fui a correr vestir e pegar na espada que ele me tinha oferecido. Cheguei ao campo e ele já estava pronto. Ele estava com uma espada que parecia extremamente poderosa. Ele teve com cuidado a ensinar-me movimentos de a manusear para conseguir ficar melhor. Depois lutamos, escusado será dizer que ficava muitas vezes entre a espada e a parede. Mas numa das vezes cortei-lhe a camisola ao que ele a tirou. O resto do treino já não me concentrei. Ele era mesmo desejável. Era quase impossível resistir-lhe. Fui beber água á fonte e ele agarra-me vira-me para ficar cara-a-cara com ele e beija-me, como nos filmes. Foi tão intenso, tão puro, tão único… Claro que não recusei, até ajudei na festa. Passei as minhas mãos pelo seu corpo e deliciava-me por cada bocado de pele que a minha mão tocava. Ele começou a puxar-me a túnica e a tira-la. Não sei porque não o impedi. Deixei-me levar pelo meu mestre. Sentia-me segura, protegida, única, especial, uma autêntica princesa.
Estávamos no meio do campo, ambos já sem a túnica, faltavam as calças e as botas até que começamos a ouvir palmas.
-Parabéns meus meninos. Acham que o líder vai gostar? De receberes a rapariga já a seduzi-la? Ele vai ficar muito triste por já estares a conquistar a única que te faltava nas tropas, ou melhor, ia ficar desiludido coitadinho.
-Anarion! – gritou Erat.
-É verdade meu caro rapaz.
-Anarion por favor não digas nada! - disse
-Cala-te miúda estás a ser seduzida, a ser usada, apenas mais uma para a colecção do menino Erat.
-Tu não sabes o que dizes! – respondi.
-Sei sim minha querida. E acredita que tratava melhor de ti do que ele. Ao segundo, terceiro ou quarto dia de tares aqui não ia logo tentar roubar-te a tua pureza. Ia esperar que me tornasse realmente especial para ti. Isso é de ele estar com um enorme desejo de carne. Já nenhuma lhe liga aqui. Por isso o desejo devia de ser muito grande e aproveitou-se da tua inocência.
-Isto é verdade Erat? – perguntei.
-Não vou dizer que não houve atracção mas…
-CALA-TE. – gritei a quase a chorar.
-Estás a ver Yáviël? Eu avisei-te.
-Deixa-me acabar…
-Acabar? O que tens para acabar? Que te sentiste atraído e vamos lá. És um porco.
-Yáviël não é nada disso…
-Não quero saber de mais nada… Obrigada Anarion!
Saí da beira deles. O Anarion veio atrás de mim. Agasalhou-me e levou-me até casa. Na despedida perguntou-me:
-Amanhã queres ir dar um passeio?
-Adorava Anarion.
-Então até amanha elfezinha bonita.
-Até amanha e obrigada.
Vim para casa dormir mais um bocadinho e quando acordei tinha uma bela tulipa a meu lado com um bilhete que dizia: “Aguardo-te nas margens do rio. Até já. Beijos”
Vesti-me apressadamente, meti o meu querido diário na mala e fui ter com ele.
-Hoje vamos dar um passeio, vamos passar a noite fora e voltamos amanha a proposta parece-te boa?
-Óptima Anarion.
Cavalgamos até não poder mais, estava quase a desistir quando ele disse:
-Bem-vinda a Este Azul.
-Isto é Este Azul? – perguntei entusiasmada.
-Sim, é. Os meus pais são daqui. Eu queria que os conhecesses mas isso só pode ser amanha. Hoje vamos passar a noite numa casinha que me deram quando me tornei um homem oficial. Tem apenas um quarto mas dormes nele que eu vou para a sala!
-Nem pensar. Eu é que estou aqui a mais.
-A cama dava para os dois mas deduzo que não querias dormir comigo portanto eu vou para a sala e acabou o assunto.
-Não é preciso Anarion! Eu fico bem numa sala.
-Não não e não. Teimosa! O meu quarto passa a teu! Vá lá.
-Teimoso és tu. Está bem eu aceito mas só hoje.
-Amanha já temos quarto para todos no castelo.
-Obrigada Anarion, estava mesmo a precisar.
Ele mostrou-se mesmo querido, eu estava completamente apaixonada. Não forçava ás coisas e não me usava como o parvo do Erat. Apesar de me ter deixado levar ele aproveitou-se disso.
Enquanto estiver aqui vou aproveitar todos os momentos. Chegamos á casa. Era muito acolhedora. Ele fez jantar e levou-me ao quarto. Agora estou aqui. Espero que amanha seja melhor. Até amanha.