Querido diário:
Ontem acordei e já tinha o pequeno-almoço no quarto. Ninguém me incomodou nem acordou. Parecia que a tortura tinha acabado. Até que oiço o Erat na minha mente:
-Princesa?
-Erat?
-Sim. Olha as tropas saíram agora daqui e estão a caminho para te salvar!
-A sério?
-Claro! Daqui a um bocadinho estarás comigo!
-Assim espero meu amor.
-Vá prepara-te e finge que não sabes de nada. Até já. Tenho de ir a dar as indicações ao Lealdar é ele que está a comandar as tropas agora.
-Está bem amor. Até já. Amo-te.
-Até já meu anjo. Amo-te.
Ninguém me chateava tudo estava calmo. Até que passado algumas horitas ouvi muitos estrondos e apesar de saber que eram eles fiquei imensamente assustada. De repente chega Anarion:
-Yáviël sai já daqui. Protege-te.
-Eu não vou a lado nenhum contigo. – respondi.
-Se não vais a bem vais a mal.
Atou-me as mãos e levou-me. Levou-me por caminhos que nem eu conhecia mas claro ás nossas tropas nada escapava. Apareceram três membros da equipa da água á nossa frente e disseram:
-Por onde vais Anarion?
-Vocês não levam a Yáviël. EU NÃO DEIXO. GUARDAS!! – gritou Anarion.
-Os teus homens não valem nada, então mortos…
Sem contar Anarion cai ao meu lado com uma flecha cravada no coração. Espantada olho para trás e não vejo ninguém. Eles pegaram em mim e levaram-me. Mal saímos do castelo apenas se viam guardas mortos e lá no meio Rathir igualmente morto. As pessoas estavam assustadas mas havia membros das tropas que as acalmavam e lhes garantiam a partir de agora um melhor bem-estar no Este Azul.
Trouxeram-me a trovão. Montamos todos e saímos de lá. Dois deles levaram-me ao hospital onde Erat estava e seguiram com o resto das tropas. Eu entrei a correr e mal o vi abracei-o de forma meiga pois ainda estava muito frágil.
-Meu amor. Finalmente estás ao pé de mim.
-Sim estou meu amor. E agora sem problemas. Rathir está morto e Anarion…
Parei a pensar no caso do mistério de quem haveria atirado a flecha.
-Que tem o Anarion? – perguntou Erat preocupado.
-Está morto também Erat.
-Isso é óptimo Yáviël.
-Sim, claro que é meu bem.
-Não pareces muito contente…
-Não é isso, foi uma flecha que o matou. Uma flecha dourada que lhe cravou o coração sem dó nem piedade. Olhei para trás e não era ninguém…
-Não era ninguém como? Se calhar era um deles mas saiu para matar outra pessoa.
-Não era Erat. Não era ninguém…
Ele ficou pensativo e disse muito baixinho:
-“No dia que precisares de mim eu estarei lá e acabarei com o teu sofrimento”.
Dito isto sorriu. E eu perguntei:
-Ah? Que disseste?
-Nada Yáviël. Foi um anjo muito especial que nos ajudou. – sorriu novamente.
Eu não insisti. Conversamos um bocadinho e o médico dele entrou:
-Então Erat? Como te encontras?
-Completo doutor.
-Sim já reparei. É a filha do Haldir?
-Sim é. Não se nota?
-Claro que sim. És muito bonita.
-Obrigada. – respondi.
-Mas voltemos ao que interessa. E as dores?
-Tenho algumas mas não muitas.
-Hum… As feridas estão a cicatrizar muito bem e daqui a um tempo estarás a lutar novamente. Consegues andar?
-Sim, devagar devido ás dores mas sim.
-E se te mandar para casa prometes portar-te bem e não fazer um único esforço que seja?
-Prometo. – respondeu Erat.
O médico olhou para mim e eu percebendo o que ele queria respondi:
-Eu prometo olhar por ele e não o deixar fazer asneiras.
E o médico disse:
-Sendo assim podes sair. Precisas destes medicamentos e destas ervas. Vão aí as instruções para cada uma. Tens consulta depois de amanha e nessa consulta te direi a próxima. É mais para te fazer os curativos mais elaborados e ver como vai o processo de cicatrização.
-Está bem! Obrigado doutor.
-De nada. Boa tarde meninos.
Retirou-se e eu ajudei o Erat a vestir-se e a sair do hospital. Fomos os dois na trovão, custou-lhe mas era o único meio de o levar. Chegamos e levei-o de imediato para a cama. Ele não tardou muito a adormecer. E eu deixei-o. Fui á cabana e sentei-me na cadeirinha, peguei numa fotografia do meu irmão comigo e com o Erat e perguntei:
-Foste tu não foste?
O vento soprou mais forte mas não obtive nenhuma resposta. Fui para casa á hora de jantar e ajudei Erat a vir para a mesa porque ele insistiu muito para comer com a família toda. Agora Alasse também fazia parte da nossa família e já vivia connosco, estava no quarto com o meu primo. Conversamos todos sobre as coisas que haviam passado. Apesar de Erat ter saído de lá mais cedo e ter ido para o hospital ainda não tinha contado a ninguém o sucedido. Todos ficaram chocados com a maneira como torturaram Erat e o meu estado psicológico e todos se riram quando contei a chantagem que fiz ao médico que me disse que estava grávida. E depois de se rirem deram-nos os parabéns. A minha tia teve a dar-me recomendações e a dizer como era a gravidez e o parto e depois o crescimento do bebé. Disse que até o seu crescimento estar completo a evolução é igual á humana mas chegando aí pára e ficamos jovens para quase sempre. Depois por cada 100 anos conta um ano. E quando tivermos 1000 anos, a nossa aparência estará como um adulto de 27/28 anos e permaneceremos assim. Apenas envelhecemos se assim o quisermos e mesmo assim temos de nos dirigir a alguém especializado em “envelhecer Elfos” o que só costumam ser visitados quando a alma gémea de um elfo é uma humana e quer morrer com ela. Mas caso sejamos afectados de uma doença qualquer ou nos atingirem com uma arma sendo ela arco, adagas, espada e mesmo á porrada podemos morrer. Somos sensíveis a isso como os humanos apesar de termos muita mais resistência.
No final desta conversa extraordinária vim deitar Erat. Ele está á espera de miminhos meus mas eu disse para esperar um bocadinho que ia contar as novidades e aqui estou eu a contar. A contar que novamente sou feliz. Até amanhã.
Segunda-Feira, 24 de Maio de 2010