Querido diário:
Hoje foi o grande casamento e a grande desgraça.
Levantamos todos imensamente cedo e hoje fui eu a acordar o Erat. Ajudei-o a vestir e ele ajudou-me a mim.
Fomos para baixo fazer as últimas preparações e começar a receber os convidados.
As tropas estavam lá todas em peso mas não estavam armadas. Tudo correu lindamente.
Aquele “sim, quero” é tão arrepiante. Duas pessoas unidas até ao final das suas vidas, não podia existir uma maior prova de tanto amor.
Petiscamos, Erat ia buscar um bocadinho dali e um bocadinho de acolá, um bocadinho de tudo e não parava de comer. Eu sentei-me numa cadeira a apreciar o momento de convívio, de alegria e de boa disposição. Tocaram-me no ombro:
-Boa tarde Yáviël.
Olhei para trás e era Anarion. Dei um salto e afastei-me dele.
-Que estás aqui a fazer Anarion?
-Estás muito exposta para o meu gosto Yáviël. – respondeu ele.
-ERAT! – gritei.
Ele e as tropas dirigiram-se para a minha beira em meu auxilio. Alguns guerreiros transportaram as pessoas para um local seguro e depois regressaram. Erat perguntou:
-Que fazes aqui Anarion?
-Vim buscar a minha noiva, tua namorada. Como é que a deixas andar assim?
-Ela não é tua noiva. – disse Erat furioso.
-Sabes é pena não poderem fazer nada que me impeça de levar a Yáviël. Eu trouxe reforços mas nenhum de vocês está armado. Tirando os de corpo… Quem vos socorre?
Houve um tremendo silencio nesta altura. Ele agarrou-me o braço:
-Larga-me Anarion!
-Não Yáviël. Tu hoje vens comigo e o Erat também.
As tropas bem tentaram mas foram impedidas e nada podiam fazer para nos salvar. A mim puseram-me inconsciente muito rapidamente e Erat rodeado por cinco elfos não tinha outra solução senão colaborar.
Quando acordei eu estava numa sela e o Erat noutra ao lado. Estávamos separados mas víamo-nos pelas grades. Eu disse logo preocupada:
-Erat! Erat estás bem?
-Meu amor? Já acordas-te? Como estás?
-Estou… presa… e tu amor?
-Também!
-Fizeram-te mal?
-Ainda não!
Anarion interrompeu:
-Oh que queridos. O amor é tão bonito não é? Eu já soube que vocês fizeram amor. Vou esperar o tempo necessário para saber se a Yáviël está grávida. Se estiveres minha querida bem que te podes preparar para assistir à morte lenta do teu namorado.
-Anarion! Não lhe faças mal. Por favor. Tu queres-me a mim não ao Erat. Liberta-o.
-Yáviël! Estás doida? – confrontou Erat.
Anarion respondeu:
-Minha querida, vamos combinar assim, se não tiveres grávida eu deixo o teu amado ir mas se tiveres, ele terá de morrer. Ordens do meu pai.
EU lavei-me em lágrimas Erat tentava abraçar-se a mim e a consolar-me:
-Pronto Yáviël, vai tudo ficar bem!
-Vai tudo ficar bem? Estás a brincar comigo? Nenhuma das hipóteses é boa. Se não tiver grávida quer dizer que não és o tal e que esse tal pode ser Anarion, mas se estiver tu morres.
-Ao menos morro com orgulho e sei que o meu filho ou filha irá continuar a minha historia aqui.
-Uau isso é muito consolador Erat.
-As tropas vêm salvar-nos e acabar com o nosso sofrimento.
-Que elas te oiçam meu amor, que elas te oiçam.
Estivemos sempre de mãos dadas e adormecemos de mãos dadas e com as cabeças encostadas à mesma grade. Eu acordei agora e tinha o diário dentro da minha sela. O Anarion sabe que dou muito valor e apesar de me tratar mal deu-me o diário. Não sei se vou dormir mais mas como não tenho mais nada para contar… Até manhã diário.
Quinta-Feira, 20 de Maio de 2010